Wednesday, February 22, 2012

Pinguim Desatento

Naquela manhã o pingüim esqueceu o terno.


A marcha já havia partido minutos atrás, mas, imerso na música que pulsava em sua cabeça elegante, não percebeu o atraso, o frio, muito menos a falta que o terno lhe fazia. Abriu a porta, encarou a imensidão do gelo polar, e bem ao longe conseguiu distinguir uma mancha preta desenhada por centenas de pingüins que avançavam para um lugar desconhecido. Embalado pelo ritmo acelerado da canção, ele que já contava com o privilégio de um passo maior que a média de sua espécie rapidamente alcançou a última da fila.

A nobre pingüim também atrasada corou ao se deparar com um retardatário pelado. Prontamente virou o rosto para a direção oposta evitando mirar aquela traseira sem vergonha prestes a ultrapassá-la. Encantado com sua beleza de moça envergonhada, por sua vez, ele suspeitou que talvez devesse se atrasar mais vezes para a marcha.

Nem chegou perto de seu pensamento que aquela singela vergonha não era a timidez dos que se desejam em apenas um olhar, mas antes o constrangimento diante da ausência de seu terno. Esboçou uma aproximação, mas sua própria timidez o impediu. Quem sabe a encontro mais tarde. Seguiu.

Quase todos os olhares se voltavam para ele quando irrompia em sua marcha acelerada, batendo pezinhos e balançando a cabeça, toda a pelugem branca a mostra para quem quisesse ver. Alguns viravam o rosto prontamente, tal qual a nobre pingüim, e fingiam que nada havia visto. As mais permissivas não se constrangiam em admirar um pouco mais, e riam umas para as outras. Pingüins ranzinzas reclamavam em voz alta sobre o despudor daquela geração, enquanto outros poucos admiravam-se com o protesto em próprio corpo pela liberdade.

E o pingüim sem nem reparar os olhares, sem nem saber ao certo para onde marchava, sem a mínimia desconfiança de que lhe faltava o terno, apenas seguia.

Monday, May 30, 2011

cachorro molhado

Retribuiu o sorriso com outro igualmente gigante, como há tempos não fazia. Sentou-se no chão, a sua altura e o abraçou de igual para igual. Pegou sua coleira, enlaçou, enquanto ele pulava desesperadamente diante da possibilidade de correr e sentir novamente o ar livre e quase puro sobre seu rosto.

A cada latido do cão para uma bela cadela que seguia do outro lado da rua, sentia vontade de abordar uma bela mulher que vinha em sua calçada.

Eu não sei por que que a gente complica tanto as coisas, Max.

Você devia me trazer mais vezes aqui em baixo.

É que faz tempo que eu não te vejo, bicho.

É, eu reparei.

Desculpa.

Relaxa.

Correram até sentirem o mais forte vento que poderia bater em seus rostos, correram até porem as línguas de fora.

Já de respiração ofegante, atravessaram a praia e mergulharam com toda a vontade no mar.

Brigado, Max.

Eu que te agradeço, meu camarada, disse sorrindo.

E ele pensou o quanto ainda tinha a apreender com seu cão. Não sobre as vontades dos cães, mas sobre as virtudes dos homens.

Wednesday, March 30, 2011

Joãozinho começou a entrar na onda das estrelas, comprou um telescópio, deixou as palavras fluírem, rasgou o peito, fechou os olhos e viu ponto a ponto se ascendendo, e quanto mais ali se descansava, mais um ponto aparecia, como que em recompensa pela atenção dedicada àquela beleza que estava ali estampada a todo o tempo mas ninguém conseguia ver. E sem conseguir ver, criavam luzes, e criavam lâmpadas que atrapalhavam, que cegavam, que só faziam ver o que tinha mais embaixo, mais terra, e Joãozinho lá, vidrado no que era muito maior, sendo bem recebido pelo universo que queria mesmo era que Joãozinho visse.

E teve um dia que o moleque voou, cara. De fato, seus olhos atravessaram o pequeno telescópio, o corpo leve e sábio subiu saltou a janela, e diante daquela paisagem voava, sorria, e subindo, subindo, subindo, enxergava cada vez mais longe aquelas luzes e aqueles bichos que já nem mais ver conseguiam. Os barulhos estavam cada vez mais longe, e subia, e João ouvindo o silencio cada vez mais alto, as luzes da cidade cada vez mais fracas, tímidas, e o ar, e a luz da lua eram tão mais doces. Voava, voava, voava, voava, voava, e se ria.

Bora, Joãozinho, vamo com tudo, Joãozinho, o universo lhe gritava mudo e baixo, voz de mulher o universo tinha. O universo seduziu João, quando viu, nem mais as luzes lá de baixo se via, eram apenas as nuvens, tão somente as nuvens brancas, iluminadas pela forte e suave luz da lua, e João brincou com as nuvens, pulou, dançou sobre as nuvens e escalou todas aquelas nuvens, que ao perceberem que João as notava, não com olhos rápidos daqueles que reconhecem a beleza, mas não se debruçam, e sim os olhos daqueles para quem só a beleza não basta, é preciso ir até a fonte, e bebê-la, e chupá-la, e prová-la, é preciso fazer amor, muito amor, para quem é preciso jogar toda aquela beleza na cama e beijá-la dos pés a cabeça, e Joãozinho, mesmo na sua inocência, ou talvez justamente por sua inocência, tinha toda essa vontade. Então subia mais, e as nuvens percebendo que estava sobre elas, amando-as como mereciam ser amadas, potencializando todas as energias que inerentes a elas clamavam para serem expurgadas, trocadas, tocadas, sentidas, abriam caminhos para João, deixavam-no subir, e desenhavam formas, e seduziam-no, e o universo, silencioso e esperto, ao ver como brincavam as nuvens e o garoto, resolveu entrar ainda mais na dança, e não só falava, mas cantava nos ouvidos de João com voz de mulher bonita. A nuvem ouvindo a voz doce transfigurou-se também em mulher e Joãozinho já sem nem mesmo saber que era Joãozinho sentiu todo o amor que o universo lhe amava e voou ainda mais. Depois de amar as nuvens ainda subiu, e encontrou coisas que nem sabia o que era, Joãozinho na verdade deixou de ser Joãozinho e se cansou de terra, Joãozinho virou nuvem, virou estrela, virou música e se propagou até a eternidade voando longe e longe e longe, amando e sendo amado, por todos, por todos os dias, na cama mais leve e gostosa, por vezes no chão mais duro e selvagem, por todos os dias, sempre.

Saturday, August 28, 2010

Duas separações

Por dentro era confuso, opaco

Entendia seus motivos, tentava entender seus motivos

Mas por dentro, ainda ruído


E ausência.

Por vezes reencontrava-se, reconhecia-se e sorria

Como ao receber um velho amigo

Saudades de você, meu velho, ele dizia


Mas era lampejo e logo o amigo já partira

E, amigo partido, ele mesmo tornava-se o velho

Não o bom velho vindo do passado

Mas o novo futuro velho de incertezas


Ranzinza, Raquítico e Ridículo.

Calma, meu velho.

Ele voltava e o fazia sorrir.


Mas ausência, perguntou a seu bom velho

Como se resolve ausência e saudade

Sabia de antemão a resposta

Ausência e saudade, meu velho,

Não se resolve.

Apenas se encontra.

Tuesday, April 21, 2009

Sobre Irmãos de Vida e Um Pai de Sangue

O Pedro queria porque queria nos chamar de Homens Mais Raros. Bobagem. A denominação, além de imprecisa e tosca, era pretensiosa.

Éramos cinco. Cinco garotos pálidos – mesmo os dois negros – e tolamente esperançosos no que se podia retirar da vida. Àquela época, acreditávamos que o mundo ainda poderia ser um lugar bom de se viver, crença que foi violentamente extinta tempos depois, sem que eu estivesse preparado para tamanha decepção. É o que me traz à escrita. Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo. Ficarão aqui gravadas as tristes memórias de minha infância e uma homenagem a esses irmãos por escolha que foram, ao mesmo tempo, dádiva e carma.

Conhecemo-nos ainda crianças, em torno de seis ou sete anos. Morávamos perto, estudávamos juntos, vivíamos, de fato, unidos. Nossa afinidade pode ser vista como conveniente, afinal, nada mais natural que se aproximar de quem já está por perto. Mas eu não acredito – sim, sou supersticioso – que fosse simplesmente isso. Estávamos destinados a nos encontrar, onde quer que fosse.

Aos quinze anos criamos uma sociedade secreta destinada a salvar as pessoas que nos cercavam, por acreditar que estavam seriamente doentes. Todos compartilhavam da minha superstição e achavam que tínhamos vindo por um importante motivo. Uma espécie de dom nos fora concedido. Por isso o nome – Homens Mais Raros – que eu julgava inicialmente impreciso, tosco e pretensioso. Mas, de fato, eu também era pretensioso, ainda que não quisesse admitir.

Acabamos aceitando o nome que Pedro sugerira e só faltava decidir o que faríamos para curar o mundo. Quinze anos. Não sejam tão rígidos com os julgamentos. Quinze anos é uma fase complicada, porque junta uma boa parcela da inocência infantil com o início de uma análise mais profunda sobre o mundo que nos cerca. Então dá certo pane, os parafusos se fundem. É um desejo voraz de descobrir, embarreirado pela ingenuidade.

Ficou definido que, quando tivéssemos certeza de que alguma pessoa estava doente – e essa palavra para nós tinha uma conotação diferente da usual -, nos juntaríamos a ela em algum lugar reservado e a curaríamos. Essa foi a idéia inicial, que apresentava alguns problemas. 1) O que era exatamente a doença? 2)Como avaliar quem estava doente? 3) Como seria o processo de cura?

Após muita discussão, finalmente preenchemos as lacunas. Hoje parece claro que a nobre aventura não terminaria bem, mas, até então, era a idéia mais brilhante da vida de todos os cinco que ali se reuniam.

A primeira ação foi aos meus dezesseis anos e, comparada à última, se deu de forma bem sucedida. O vizinho do Romário era um homem de sessenta anos, corpulento e carrancudo. Tratava seu filho com rispidez e uma seriedade excessiva. Era quase indiferente ao garoto. Mas em relação à esposa, não. Preocupava-se muito com ela. Preocupava-se tanto que encontrava na agressividade uma solução para seus ciúmes e julgamentos doentios.

Encapuzados, invadimos a casa. Aparentávamos, quem sabe, vinte anos. Romário sugeriu a ação depois de observar através da janela uma cena de brutalidade sofrida pela mulher. Pegamos o velho despreparado, vendamos seus olhos e iniciamos a primeira sessão. Na teoria, não usaríamos de violência, mas, conforme foram se desenrolando os acontecimentos, tornou-se inevitável.

O Tratamento foi tão severo que o velho ficou apático por alguns meses, traumatizado. Romário disse que quase não fazia diferença e era melhor daquela forma.

Inicialmente ficamos abalados, mas, após o estímulo dos mais sádicos do grupo, estávamos satisfeitos. E resolvemos prosseguir. Foram homens, mulheres, crianças. Padeiros, banqueiros, donas de casa, não havia restrição. Qualquer um cuja conduta nos parecia prejudicial à evolução da sociedade recebia a lição. E, curiosamente, não nos denunciavam. Por mais de um ano continuamos a atuar anonimamente e estávamos cada vez mais confiantes na grandeza de nossas atitudes.

Até que um dia mexemos com alguém que não deveríamos ter mexido. O homem sabia o que estávamos fazendo. E sabia que éramos nós. Ele me conhecia com a palma da sua áspera mão.

Os motivos que me levaram a sugerir seu nome, não tenho coragem de escrever. É a única revelação que passará em branco, e, provavelmente, a que ainda mais me atormenta.

Ele sabia que iríamos até ele. Não sei como, mas sabia o dia, a hora e o modo. Esperou-nos sentado friamente, em frente à entrada dos fundos. Nós arrombamos a porta e ele disparou quatro precisos tiros, arrombando o peito de meus quatro companheiros.

Eu tive medo. Mais medo do que eu jamais tivera em toda minha vida. Não consegui reagir. Simplesmente caí no chão e me debrucei sobre os corpos vermelhos. Ele se levantou, caminhou em minha direção, fazendo minhas pernas tremerem como se eu estivesse a dez mil pés de altura. O que mais me assombra foi que, quando ele estava próximo, disse em tom irônico: Filho querido, por que tens tanto medo de mim?

Homens Mais Raros, este livro pertence a vocês. Assim que terminá-lo estarei por perto novamente. Até breve.

Sunday, April 19, 2009

Calouro

O Tímido e O Mundo vai virar curta. 


Em breve aqui no corredor. Não percam! 

Monday, March 16, 2009

Por estarem distraídos

Euclides acordou empoeirado e tonto. Estava no meio de uma movimentada calçada, por onde seguiam apressados transeuntes, esbarrando de quando em quando em suas pernas, seus braços e seu corpo. O ar da cidade era muito mais denso e sujo que o da Vila.

Apesar de levemente desconfortável, encantou-se rapidamente com toda a imponência e grandiosidade do lugar. Tudo era maior que o usual. Desde as casas, às roupas; Desde o barulho, às pessoas. 

Quando percebeu alguns objetos, ainda desconhecidos, que avançavam furiosos pelas ruas, pensou que não iria mais querer sair de lá. Vermelhos, pretos, brancos, grandes, barulhentos. Rápidos. Mais rápido ainda eram seus hábeis olhos que perseguiam tudo ao redor, e a boca, que contraía incansavelmente, desenhando os mais sinceros sorrisos que os transeuntes poderiam encontrar.

Curioso lhe foi perceber que, ainda que estivesse sem rumo, os gigantes pareciam bem mais perdidos e desesperados. Não conseguia entender porque andavam – corriam – tão angustiados, vento batendo no rosto, pastas lançadas para traz, semblante austero.

O impulso inicial foi pará-los e alertar que havia vidas a serem vividas e se podia andar sem pressa. Ao perceber que não conseguia ser ouvido, ainda tentou pular, bater, gritar em vão. As contrações cessaram e a euforia quase cedeu à angústia, não fosse a pequena, mãos dadas com uma das gigantes, que ao passar em sua frente soltou o berro mais agudo e gratificante que já ouvira. “Mamãe, olha!”.Fora notado.

A mulher ignorou a descoberta da filha e seguiu com pressa. O almoço estava atrasado.  Euclides ainda tentou alcançá-las, mas embarreirado por corpos que se trançavam, perdeu-se na multidão.

Só restava esperar que alguém novamente o encontrasse. E ali permaneceu, dias e dias, até que algo finalmente o atingiu. A bala de três centímetros perfurou-lhe o peito e, caído no chão, passou os últimos minutos observando os gigantes que se aglutinavam ao seu redor. Cochichavam, gritavam e arregalavam os olhos. Naquele estado, todos o notavam. Contraiu a boca, mas, dessa vez, o sorriso, amarelo, foi levemente se avermelhando. Arrependera-se de um dia ter tirado os pés da Vila.    

Friday, February 06, 2009

O Blog está acomulando uma certa camada de poeira por causa deste que vos posto. 

É um roteiro pra cinema, ou ao menos uma tentativa. 

Então aí vai a primeira cena só para mostrar o que estou fazendo enquanto não volto a escrever para cá. 

Até! 


CENA 1

Tela Preta.

Vozes em off de várias pessoas falando ao mesmo tempo, sem que se possa distinguir palavras nitidamente até que uma delas se torna clara.

HOMEM 1 (O.S.):

Eu to caindo fora. É minha despedida. Precisa ser alguma coisa especial. É pra encerrar a carreira com chave de ouro.

Homem 2 (O.S.):

Você ta maluco, cara. É sério. Você perdeu a cabeça.


homem 1 (O.S.):

A idéia é boa. A idéia é muito boa. Você sabe que é.

MULHER (O.S.):

Ninguém se prestaria a uma coisa tão doentia.

homem 1 (O.S.):

Eles não saberiam de tudo. Eles não saberiam de quase nada, na verdade. E, de qualquer forma, gente que se presta a isso não é difícil de encontrar.

FADE IN:

INT. BAR - NOITE

O bar está cheio.

Quatro pessoas de aproximadamente 30 anos estão sentadas em uma mesa redonda. MARCOS, RICO, GORDO, e CAMILA. Todos permanecem quietos olhando para pontos aleatórios. Rico movimenta levemente a cabeça de forma negativa, Marcos estampa um sorriso ambicioso, Gordo permanece inexpressivo, e Camila deixa escapar um semblante de aprovação.   

MARCOS:

Eu sabia! Você gostou. Você adorou!

Marcos começa a rir de forma exagerada.


MARCOS:

Eu sabia que você ia gostar! É sensacional!

Camila sorri receosa.

RICO:

Eu ainda acho muito arriscado.

O homem gordo permanece quieto.

MARCOS:

Eu sei que é complicado, arriscado, perigoso e doentio, mas dá pra ser feito. É isso que eles querem, não é? Inovação? Criatividade? Não é, Camila?

A mulher fica quieta. Marcos começa a rir novamente.

MARCOS:

Você gostou! Eu sabia!

RICO:

Eu ainda acho que não vale.

MARCOS:

Por que não vale?

RICO:

Porque é permissivo demais, descontrolado demais. Pode morrer gente nesse programa.

Marcos ergue as sobrancelhas e o olha fixamente.

MARCOS:

A gente pode tentar controlar, mas se acontecer dá pra enconbrir! Não é problema.

RICO:

Isso não vai dar certo.

marcos:

E se desse?

Rico fica sem resposta.

MARCOS:

Ia ser foda, não ia?

Os quatro permanecem em silêncio.

MARCOS:

Ia, não ia?

Rico mexe a boca sem emitir sons.

CAMILA:

Eu concordo que pode dar merda e é bem complicado de ser feio, mas acho que vale arriscar.


MARCOS:

É isso! É nosso desafio, pessoal! É nossa grande chance. Seria o grande programa da Televisão dos últimos cinquenta anos!

RICO:

Vou dizer mais uma vez: e se morrer alguém? Vocês vão poder controlar isso?

MARCOS:

Não vai morrer ninguém, Rico. E mesmo que morresse...

GORDO:

(interrompendo)

Eu compraria essa idéia. Vamos levar na reunião amanhã.

RICO:

Mesmo que morresse o quê? Cê acha normal? Ia ser só mais um acidente, uma fatalidade? Não leva essa idéia, cara. Vai fuder com a gente. 

MARCOS:

Sabe por que você acha isso? Você é bundão, cara.

RICO:

Eu sou bundão? Você que é lunático.

MARCOS:

Se tem que fazer alguma coisa que precise botar a cara a tapa, você foge. É isso mesmo.

RICO:

Vão te cortar, Marcos! Ouve o que eu to te falando. Vão te cortar, cara! E vão levar a gente junto. Olha, Camila, olha bem. A gente tá entrando de sapo nessa história e vai se ferrar.

GORDO:

Cortar é o cacete, Rico. Pode levar que vai render. A idéia é boa, sim. Isso nunca foi feito antes, é totalmente maquiavélico e eu gosto pra caralho.

Marcos olha para Camila esperando uma posição.

CAMILA:

Eu acho que vale.

MARCOS:

São três votos, então. Vai ser isso mesmo, Rico. Vocês são minha equipe e vou precisar que a gente esteja unido. Essa porra vai dar certo!

RICO:

Eu ainda não sei, Marcos. Vocês estão sem noção da realidade. Se vazarem as informações sobre o seriado a gente pode... sei lá....

Marcos continua tranquilo.

MARCOS:

É entretenimento, Rico. Vale tudo. 

RICO:

Vale tudo, é?

MARCOS:

Vale tudo.